Empresas reduzem jornada de trabalho com mesmo salário e melhoram produtividade

A volta ao trabalho presencial após o período mais crítico da pandemia da Covid-19 veio acompanhada de novas maneiras de encarar o tempo trabalhado, fazendo crescer um movimento de redução da jornada ou de encurtamento do dia de trabalho em prol de melhores resultados. As empresas estão percebendo que reduzir a jornada de trabalho ajuda a manter o equilíbrio entre vida pessoal e profissional de seus funcionários, além de aumentar a produtividade e reduzir erros e acidentes laborais. Para os funcionários, nada muda em relação ao salário, apenas ganham mais tempo para descansar, cuidar da casa, ficar mais perto dos filhos e dos pets. 
 
“Esse é um movimento que tem ganhado força no Brasil e no mundo. E as empresas que o adotam não estão se arrependendo, pelo contrário, estão tendo resultados muito positivos”, afirma Glauce Fonçatti, advogada trabalhista membro do Escritório Batistute Advogados. De acordo com ela, vários são os formatos adotados. Entre eles, há empresas que adotam um dia de folga a mais durante a semana, enquanto outras encurtam o expediente em determinado dia da semana, normalmente, às sextas-feiras. Há ainda empresas mais ousadas que dão uma semana inteira, durante o ano, de folga remunerada aos seus colaboradores. 
 
“Pela legislação brasileira, as empresas só podem reduzir jornada de trabalho e salários dos funcionários já contratados, em casos excepcionais, por tempo limitado e com negociação sindical. Não sendo este o caso, o comum é a jornada de trabalho de até 8h diárias e 44h semanais. Se o trabalhador está contratado nesse regime de trabalho, recebendo salário correspondente e, mesmo assim, tem sua carga de trabalho reduzida, então, isso é algo benéfico para ele”, ressalta Glauce. 
 
E os resultados são bons também para as empresas. Diversas pesquisas internacionais apontam que a produtividade dos funcionários beneficiados com reduções de jornada tem permanecido a mesma ou apresentado melhoras em muitos casos, além de vários relatos de menos estresse, mais equilíbrio e harmonia entre as questões pessoais e profissionais e redução de erros e acidentes de trabalho. “É preciso incentivar ações e iniciativas que melhorem o ambiente de trabalho e potencializem o bem-estar do trabalhador, sem que isso impacte de forma negativa para as empresas. Ou seja, se for bom para todos, melhor ainda”, diz Glauce.
 
Existem alguns bons exemplos de como reduzir a jornada de trabalho dos funcionários, sem redução salarial. Entre eles, conceder um dia a mais de folga durante a semana; conceder um dia a mais de folga durante o mês; conceder o encerramento da jornada de trabalho mais cedo em determinado dia da semana; conceder o início da jornada de trabalho mais tarde em determinado dia da semana; elastecer o horário de intervalo (almoço/jantar) em determinado dia da semana; ou conceder uma semana de folga em um mês do ano.
 
Entretanto, é importante dizer que a implementação dessa postura demanda uma cultura organizacional que priorize o equilíbrio entre a vida fora e dentro da empresa e, principalmente, que haja confiança entre as empresas e os profissionais. “Não adianta que a empresa adote esse tipo de postura, sem que haja uma contrapartida do trabalhador, ou seja, não se pode perder de vista que, para uma relação de trabalho saudável, é necessário sempre que ambas as partes saiam ganhando”, afirma a advogada. 
 

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